Osmar Pires Martins Júnior
A Presidência da República vem recuperando o prestígio que desfrutou perante os brasileiros; a inflação recuou para os menores índices da história; a economia reage à crise internacional e se mantém no crescimento firme ascendente; entidades representativas como a OAB, UNE, CUT reafirmaram o entendimento das ruas, apoiando a realização da Reforma Política já, para as próximas eleições!
Logo após o tumultuado mês de junho, encerrada a competição, com o Brasil campeão, a FIFA apresentou balanço positivo da realização da Copa das
Confederações 2013: "o Brasil fez bonito dentro de campo e fora
dele". Esta avaliação, como reconheceu o Ministro de Esportes, considera
que muita coisa tem que melhorar como o próprio povo brasileiro demostrou nos
protestos que se espalharam por centenas de cidades: "queremos transporte
coletivo, hospitais e escolas padrão FIFA". Só não se pode pensar no
"padrão FIFA de corrupção", uma entidade que vive à custa do direito
de transmissão dos jogos e que é useira e vezeira de atos praticados por
dirigentes associados a esquemas criminosos.
A Rede Globo nos fornece um exemplo do “modus operandi” da máfia do
futebol: em 2001, durante o governo FHC, sonegou 2,4 bilhões de tributos em
valores atualizados, lavou o dinheiro mediante remessa "legal" do montante para
paraísos fiscais e depois internalizou no nosso País como “aquisição dos direitos de
transmissão da Copa do Mundo 2002”.
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Movimentos pela Democratização dos Meios de
Comunicação realizam protesto em frente às sedes da Rede Globo em todo o País,
no dia 03.07.13 |
O Brasil ingressou no “olho do furacão” dos negócios dessa máfia, a
partir do momento que conquistou o direito de sediar grandes eventos
futebolísticos e olímpicos. Estranhamente, ouvem-se reiteradas críticas
dirigidas ao alvo errado. Tais críticas possuem o malefício da tergiversação e
do destempero, a exemplo de um agente político que, no exercício de cargo
público e de professor universitários, afirmou numa sala de aula de uma
Faculdade de Direito em Goiânia: "o Brasil vai passar vergonha com a
Copa"!
Nesse mesmo tom, nos últimos anos, quantas vezes não se ouviram assemelhadas
previsões agourentas? O monopólio midiático, liderado pela Rede Globo, alcunhou
uma frase, emitida pela âncora dos seus telejornais, sempre que uma matéria
lançada ao ar abordava qualquer tipo de problema, por mais corriqueiro que
fosse - "IMAGINA NA COPA".
Comportamento assim visou ANTECIPAR e FORMAR no subconsciente coletivo
um tipo de sentimento negativo, favorável às previsões pessimistas que se
anunciavam, insistentemente, sem nenhuma ligação real com os problemas.
Por outro lado, nunca se viu ou ouviu nos telejornais da grande mídia,
qualquer notícia sobre as concepções dos projetos das arenas que estavam sendo
construídas. Por exemplo: que elas foram projetadas para funções multiuso, não
só para o futebol, mas também para eventos olímpicos, culturais e de lazer; que
diversos projetos foram concebidos para aproveitar o entulho dos velhos
estádios demolidos; que haveria aproveitamento da energia solar e da água da
chuva; que favelas foram transformadas em bairros projetados, no entorno das
novas arenas; que estão sendo implantados sistemas multimodais de acesso aos
locais do evento, como BRTs (Cuiabá), VLTs (Brasília, Manaus, Porto Alegre, Rio
de Janeiro e São Paulo), hidrovias (Recife) etc. Nada disso foi veiculado.
A estratégia, baseada em técnicas nazistas, foi montada em cima de
boatos travestidos de notícias que davam como certos "que o Brasil seria
reprovado na Copa das Confederações, em virtude de todos os tipos de crises que
estariam assolando o País, sob o desgoverno atual".
A mensagem subliminar da estratégia da direita nacional seria reprovar
o Brasil na Copa das Confederações 2013, como uma forma de reprovar o atual
governo, desestabilizá-lo e criar espaço para uma candidatura de direita, capaz
de concorrer com alguma chance na eleição para Presidente da República, em
2014.
Para alcançar essa estratégia, o noticiário foi inundado de notícias
sobre o "apagão, que deixaria o país no escuro; ah, se não chover, o
sistema elétrico do Brasil entrará em colapso". Ou ainda, o "caos
aéreo, que seria capaz de causar futuras tragédias, piores do que o desastre
ocorrido com o avião da TAM, em São Paulo". Ou ainda, o descontrole da
economia, com "a explosão inflacionária do tomate, que levaria o caos
econômico ao País, impossibilitando-o de cumprir os compromissos de execução
das obras de infraestrutura para a Copa".
Nas últimas semanas que antecederam o início da Copa das Confederações,
a grande mídia elegeu uma linha editorial que nunca foi sua preocupação: o
transporte coletivo. Esse é um problema crônico no Brasil e em todo o mundo,
sobretudo nas grandes metrópoles dos países em desenvolvimento. As cidades
quintuplicaram nas últimas três décadas e os meios de transporte retrocederam.
Os bondes e trens que existiam até o início da década de 1960 viraram sucatas. Os
únicos meios de transporte adotados por governos conservadores são o ônibus e o
carro, que antagonizam o coletivo e o individual, numa clara contradição entre
o poder aquisitivo elevado da elite e o salário mínimo da maioria esmagadora.
As cidades convivem há décadas com esse conflito, sem que, até então,
governo algum tomasse a iniciativa de enfrentar o problema. Primeiro, rompendo
o monopólio das empresas de ônibus, um cartel que transformou em reféns dos
interesses dessa máfia todos os políticos de direita, de centro e de esquerda.
Nesse contexto, a grande mídia lançou gasolina na fumaça e acendeu a
labareda de um "fogo de monturo". Imaginou que a estratégia, por vias
tortas, estaria se realizando, com o alastramento das chamas sobre a autoridade
política maior do País.
Entrementes, há mais entre o céu e a terra do que a vã ideologia
golpista a que todos os brasileiros decentes assistiram nesses dias de rebeldia
platinada.
A autoridade política maior do Brasil soube "como nenhum líder do
mundo, ouvir a voz das ruas e interpretar o fenômeno horizontal
de manifestações de massa via internet", no dizer do sociólogo espanhol
Manuel Castells. Ao captar corretamente os sentimentos e reclamos dos
protestos, a Presidência da República canalizou a energia do povo na proposta
da Reforma Política via Plebiscito.
E mais, a Presidência da República abraçou o combate à corrupção com a proposta de transformação de delitos contra o erário como crime hediondo e absorveu as energias das ruas para
alavancar a máquina pública na efetivação do Plano Nacional de Mobilidade
Urbana, destinando mais R$ 50 bilhões de investimentos no setor.
Assim, se o movimento de massa não desistir da luta e sob a direção correta das entidades combativas, o Brasil caminhará a passos largos para superar as mazelas de um
sistema político que transformou os políticos reféns das máfias das empreses de
ônibus, das quadrilhas que grilam áreas públicas, dos criminosos de colarinho branco que
manipulam licitações superfaturadas, dos monopólios das mídias que
chantageiam governantes, sonegam tributos, lavam e exportam dinheiro para
paraísos fiscais, montando impérios midiáticos tão poderosos a ponto de se
associarem a mafiosos como Carlos Cachoeira para preparar, aos olhos de todos
os brasileiros e dos cidadãos do mundo, golpes contra Presidentes da República
que tenham algum vínculo com o mundo do trabalho e com os mais pobres.
Algumas empresas concessionárias de serviço público de comunicação
social construíram tal poderio midiático que se sentem certas da impunidade,
gerada à sombra do erário, realizando comportamento de lesa-pátria e de
sabotagem do Estado Democrático de Direito, desferindo cotidianamente tapas
nas faces dos cidadãos honestos pagadores dos seus tributos.
A vitória do Brasil nos gramados da Copa das Confederações 2013
assegurou os lucros da "cadeia produtiva" do negócio do futebol, expondo o
comportamento anacrônico dos monopólios midiáticos. Fora dos gramados, a
vitória do Brasil está por construir-se no processo de Reforma Política, que poderá recolocar o povo no centro do poder do Estado Brasileiro e expulsar dele
todas as máfias.
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Osmar Pires Martins Júnior é doutor em Ciências Ambientais, mestre em Ecologia, biólogo e engenheiro agrônomo pela UFG, graduando em Direito, escritor, membro-fundador e titular vitalício da cadeira 29 (Patrono: Attílio Corrêa Lima) da Academia Goianiense de Letras.