REFLEXÃO DOMINGUEIRA!
Vejo em volta o Coco do Parque, do pai de família que tira o sustento vendendo água de coco, além dos inúmeros empreendimentos comerciais e residenciais que lucram com os benefícios do Parque: Goiânia Shopping, Vision du Parc, Chateau du Parc, Condomínio Reserva do Lago, Torre du Parc etc.
Alguns arranha-céus escalam as nuvens, cada vez mais altos, para oferecer aos incautos uma visão da área verde, emoldurada pelas janelas de apartamentos vendidos a peso de ouro.
Nesse sentido, o prédio Kingsdom, em construção perto da Praça da Nova Suíça, com seus 60 andares, se esmerou na apropriação dos benefícios da área verde.
E ainda, para firmar sua condição de meliante ambiental, o Kingsdom se apropriou de uma pracinha da esquina onde está sendo construído.
Poucos são os empreendimentos como o Brava Sport, Patio do Lago, Pão de Açúcar que são implantados dentro de um padrão civilizado, respeitando a paisagem, o subsolo, as correntes de circulação do ar e, dessa forma, contribuindo para formar microclimas com temperatura e umidade mais confortáveis à vida urbana.
Me lembro da professora Iêda Burjak que, em 2001, quando eu estava no Laboratório do IESA desenvolvendo o meu trabalho de pesquisa do mestrado em ecologia na UFG (que resultou no livro Arborização Urbana e Qualidade de Vida), ela adentrou no recinto e disse em voz alta para dezenas de graduandos e pós-graduandos ali presentes:
[...] Registro os agradecimentos ao mestrando Osmar Pires pela construção do Parque Vaca Brava. Todos os dias eu acordo ao som da cantoria dos pássaros, com a brisa fresca lambendo meu rosto. Eu paguei R$ 113 mil a mais no apartamento de esquina, de frente para o parque, no Residencial Innsbruck, na Av. T-15 com R. T-66, para desfrutar desses benefícios. Se não fosse a luta e o trabalho técnico deste mestrando, haveria um condomínio de prédios dentro do parque. Aí, só os que 'chegassem primeiro' comprando unidades dentro do parque sentiriam a brisa fresca e a paisagem verde restrita a pouquíssimos privilegiados [...]. (Profª Ieda Burjak, ex-presidente do ADUFG)Quer dizer, a professor Burjak desvelou a lógica do sistema capitalista: na época da ditadura, os capitalistas se apropriavam das áreas verdes em si e construíam dentro dos parques, comercializando o bem público para pouquíssimos áulicos da corte.
Na democracia, a participação dos trabalhados no poder - como eu na gestão Darci Accorsi (PT-PCdoB, PSB) - os bens de uso comum foram resgatados e os parques implantados com muita luta, inclusive, enfrentando ameaças de vida.
As áreas verdes de Goiânia Go foram recuperadas durante a gestão SEMMA no governo democrático de esquerda do Darci Accorsi (1993/96).
Só a partir daí passou a existir o parque Vaca Brava, assim com a área verde na esquina das avenidas T-5 com a T-10 (foto à esquerda), além de outros parques como o Areião, Botafogo, Jardim Botânico etc.
As empreiteiras e os especuladores imobiliários foram obrigados a ceder os anéis para preservar os dedos. Mas como as mãos dos exploradores capitalistas e seus grileiros são traiçoeiras, os donos do capital não se deram por rogados.
Na democracia, aos olhos displicentes da imprensa, do MP, da DERCCAP, constroem espigões e se apropriam dos benefícios das áreas verdes dos parques urbanos!
A pesquisa Lucia Amazonas concluiu sua pesquisa sobre economia ambiental na UnB, estimando o valor ambiental do Parque Vaca Brava, atualizado, de R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões). Se o parque fosse implantado conforme Decreto n° 19/1951 que o criou, ele teria o dobro da área atual e, portanto, o seu valor ambiental seria o dobro, quatro bilhões de reais (R$ 4.000.000.000,00).
A minha satisfação se perfaz num sentimento muito simples: VALEU A PENA.
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