UCRÂNIA: PAPEL ESTRATÉGICO NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
A União Europeia - UE, liderada pela Alemanha e sob a batuta dos Estados Unidos insuflaram grupos neonazistas ucranianos na derrubada de um governo legitimamente eleito, sob o argumento de que tudo seria "pressão popular para assinar tratados comerciais com a UE" (representando subordinação ao bloco capitalista europeu).
Não que a atual Rússia seja socialista; ao contrário: os dirigentes russos atuais são herdeiros diretos dos revisionistas que destruíram o Estado Socialista, realizando um insidioso processo de difamação dos seus fundamentos e dos seus fundadores, desde a morte de Stalin, em 1953.
O ESPAÇO-VITAL
O que assistimos na Ucrânia é o resultado de um longo processo de guerra ideológica e política, inevitavelmente desaguando em guerra militar. A questão é geopolítica: as vastas, férteis e ricas terras ucranianas e seu povo de etnia ariana sempre foram idolatrados por Hitler, que em sua obra Mein Kampf definiu a Ucrânia como espaço vital alemão, além de fazer limites com terras russas também riquíssimas em campos petrolíferos e minerais.
Os nazistas lançaram em 1934 uma campanha com o tema do "genocídio" da URSS na Ucrânia, preparando os arianos deste país para "libertação" pelo Exército Nazi. Esta mentira sobreviveu aos seus criadores nazistas e se tornou uma arma de MacCarthy nos anos de chumbo da Guerra Fria, sendo relançada nos dias atuais por grupos neonazistas com apoio velado de John Kerry, vice-presidente norte-americano, que faz cruzada pelo mundo contra todos os países de democracia popular que não se submetem à hegemonia ianque.
O FIGURINO PÓS-MODERNO
A UE vestiu o figurino pós-moderno "da luta contra o genocídio", avançando sobre a Ucrânia sob hegemonia alemã. A estratégia é submetê-la as mesmas regras da cartilha radical do capitalismo monopolista: desmonte do Welfare State, corte de gastos sociais, demissão de servidores públicos, arrocho salarial no setor público e privado. Um receituário amargo que submete os países europeus periféricos ao maior índice desemprego da história.
O processo político hegemônico pós-moderno lança mão da arma de subordinação econômico-financeira dos países dependentes aos países centrais, tal como previsto por K. Marx, em O "Capital" e por V. I. Lenin, em "O imperialismo, fase superior do capitalismo".
A SITUAÇÃO DO INÍCIO DO SÉCULO XX
No início do século passado, a humanidade constituiu uma fortaleza do trabalho contra a exploração do capital, por meio de poderosos estados socialistas liderados pela URSS. Por isso, o povo russo foi ferozmente atacado por exércitos de 10 potências estrangeiras em 1917-1920, sendo derrotados. Depois, na década de 1930, formaram-se novas ofensivas, tanto pelo Ocidente, com o Eixo da Alemanha nazista e da Itália fascista, como pelo Oriente, com o Japão Imperialista, com o objetivo de destruir a fortaleza do trabalho.
Em setembro de 1942, Hitler dominava a Europa Ocidental, desde a Noruega, no Oceano Ártico, até o Egito, ultrapassando 100 quilômetros do rio Nilo; da Espanha até a Turquia e a Tunísia; do Atlântico até o sul do rio Volga, na Ásia Central.
A Batalha de Stalingrado foi a maior e mais épica de toda a história humana. O Exército Vermelho derrotou, em 02/02/1943, a ameaça nazista e abriu caminho para o triunfo de todos os povos do mundo contra o terror nazifascista. Foram mortos cerca de 140.000 soldados da Wehrmacht e 200.000 homens do Exército Vermelho. Os soviéticos fizeram prisioneiros 94.500 soldados alemães dos quais 2.500 oficiais, 24 generais e o próprio marechal Von Paulus, e tomaram do exército inimigo 60.000 veículos, 1.500 blindados e 6.000 canhões. A espinha dorsal da colossal máquina mortífera montada para destruir a fortaleza do trabalho estava irremediavelmente quebrada.
HOJE, TAL COMO ONTEM
Na década de 1940, o domínio militar nazista submeteu completamente países como França, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Áustria, Hungria, Tchecoslováquia, Polônia, os Bálcãs, a Grécia e outros. Na segunda década do Século XXI, estes mesmos países e seus desmembramentos subsequentes rezam ou são obrigados a rezar na cartilha econômico-financeira da UE, ditada pela Alemanha, o berço da nazismo e de neonazistas em várias partes do mundo.
POST SCRIPTUM
Hoje, 6 de março de 2022, vivenciamos o 11º dia da Guerra na Ucrânia "causada pela invasão da Rússia, sem nenhuma agressão por parte do país invadido", conforme noticiado pela Grande Mídia Ocidental, ou Operação Militar Especial para desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia, no dizer do comunicado oficial do presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Este escrito, elaborado 8 anos após a redação original do artigo, em 6 de março de 2014, tem o escopo de avançar na conclusão supra, ipsis litteris:
Sem desmerecer outros aspectos importantes, como a língua, a cultura e as tradições, o fato é que os ucranianos ou caem sob domínio do capitalismo monopolista da UE, liderada pela Alemanha (sem Hitler?), ou se submetem ao império russo, liderado por Vladimir Putin, chefe de uma centena de novos bilionários monopolistas.
Da mesma forma, na ex-República Socialista Federativa da Iugoslávia, a Revolução Bulldozer, em 2000; na ex-República Socialista Sovética da Geórgia, a Revolução Rosa, em 2003; na ex-República Socialista Soviética do Quirguistão, a Revolução das Tulipas, em 2005.
Na ex-República Socialista Soviética da Ucrânia, a Revolução Laranja resultou no golpe de Estado Euromaidan, que derrubou o presidente democraticamente eleito Viktor Yanukovitch, e também no massacre em Odessa, em 2 de maio de 2014, realizado por milícias neonazists, que queimaram vivas centenas de sindicalistas, estudantes e civis que defendiam o presidente eleito Yanukovitch. O golpe de Estado e o massacre de Odessa foram promovidos pelas milícias armadas do Svobodan - Partido da Liberdade (sic), o prinicpal partido político golpista, liderado por Oleg Tyahnybok, apoiado e financiado diretamente por Joe Biden, então vice-presidente dos Estados Unidos da América - EUA e atual presidente dos EUA, em articulação com os líderes da União Europeia - UE.
A Federação Russa, através do presidente Putin, denunciou o golpe na Ucrânia, em maio de 2014, a neonazificação do país e as cinco ondas de expansão da OTAN rumo aos países do Leste Europoeu, abarcando todos os países que pertecenceram à área de influência da ex-URSS, como uma tentativa do Ocidente de estender a sua influência econômica, política e militar para junto das fronteiras russas e colocar em perigo a segurança do país. Resta apenas a Ucrânia. Seria ela a última peça do tabuleiro de xadrez da guerra geopolítica pelo controle monopolar do mundo por alguma das potências beligerantes?
GUERRA NA UCRÂNIA
A Guerra Civil no Leste da Ucrânia, igualmente referida como Guerra na Ucrânia, Rebelião pró-russa na Ucrânia ou Guerra em Donbass, não é um conflito armado que está no seu 11º dia, em 06 de março de 2022.
As potências ocidentais financiam o armamento das milícias neonazistas que fazem parte da estrutura do Exercito da Ucrânia, como o Batalhão de Azov, que possuía mais de 100 mil soldados armados na região de Donbass, com ações armadas contra a população civil, levando, inclusive, à destruição do Aeroporto Internacional de Donetsk, em 2014.
A crise atual, com a chamada "invasão da Ucrânia pela Rússia" (segundo a mídia ocidental) ou "operação militar especial de desmilitarização e desnazificação da Ucrânia" (segundo Putin), foi causada pelos Estados Unidos da América e seus aliados da UE, que financiam a OTAN rumo aos países do Leste Europeu.
HIPOCRISIA OCIDENTAL
Em 1991, o então presidente da URSS, o líder revisionista Mikhail Gorbachov, em troca da não expansão da OTAN "nem uma polegada a mais além da Alemanha Oriental", negociou com as potências ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos da América - EUA, a reunificação das Alemanhas, entregando de presente a Alemanha Oriental para o chanceler Helmuth Kohl, da Alemanha Ocidental.
A República Democrática Alemã - oriental e socialista - deixou de existir; foram privatizadas da noite para o dia as empresas estatais socialistas, que garantiam o pleno emprego e projetavam o país na liderança do ranking de potência naval com a mais vigorosa indústria de navios da Europa.
As estatais da Alemanha Oriental tiveram seus domínios transferidos, num passe de mágica, para as oligarquias da UE e dos EUA. Ao povo alemão oriental, o construtor dessa riqueza fenomenal, restaram as migalhas, inferiores ao percentual de um dígito de tudo o que foi coletivamente construído!
A respeito do fenômeno expropriatório da riqueza coletiva do povo alemão oriental, apropriada por um punhado de oligarcas, eufemisticamente chamado "Reunificação da Alemanha", há uma série documental na Netflix chamada Uma morte no vermelho, que aborda o assassinato de Detlev Rohwedder, que comandou a empresa alemã ocidental responsável pela privatização.
Rohwedder foi morto misteriosamente, em 1991, talvez pelos próprios pares, sócios do capitalismo ocidental, na disputa pelo butim (a riqueza estatal a ser repartida entre os capitalistas do ocidente). Veja o que diz a Deutsche Welle (DW), uma emissora internacional da Alemanha, considerada uma das mais bem sucedidas e relevantes mídias internacionais, verbis (grifamos):
Ao assumir a chefia da Treuhandanstalt - ou Treuhand - a pedido do então chanceler, Helmut Kohl, da Alemanha Ocidental, Detlev Rohwedder (1932-1991) deu início a um processo que culminaria na entrega de 94% das estatais da Alemanha Oriental para companhias e empresários do oeste. Pouco ficou nas mãos dos antigos alemães-orientais. A reestruturação e o fechamento em massa de empresas fez o desemprego disparar, arrasando comunidades e provocando uma insatisfação no leste que ainda é sentida. (DW. Nova série da Netflix explora crime político durante a Reunificação da Alemanha. História, 29 set. 2020)Até hoje, nunca se leu na mídia ocidental ou se ouviu dos líderes do ocidente qualquer menção aos "oligarcas que se apropriaram criminosamente da riqueza dos povos orientais da Europa". Agora, na Guerra da Ucrânia, foram aprovados os bloqueios econômicos, impostos pela Assembleia Geral Extraordinária da ONU, a mando dos EUA, sob o argumento de "medidas que visam atingir os oligarcas russos, amigos de Putin, que assaltaram o povo russo e ucraniano". Irônico, não?
Segundo Grover Furr, sovietólogo, professor titular e pesquisador da Montclair State University of New Jersey, USA, os reais motivos que levaram à extinção da Primeira Grande Pátria Socialista, por ela própria, são as disputas internas e externas pela expropriação e apropriação da fabulosa riqueza construída pelo trabalho coletivo da aliança operário-camponesa que vigorou em dezenas de Estados Socialistas, revolucionários e institucionais, membros da ONU, dotados do poder de veto e de voto, verbis:
O resultado imediato dos fracassos de Josef Stalin (Primeiro-Ministro), Lavrenti Béria (Ministro do Interior) e seus aliados mais próximos do Politiburo Vyacheslav Molotov, Geórgiy Malenkov, Andrei Zhdanov, Serguei Kirov e Lazar Kaganovich na conclusão do Projeto de Democratização do Poder Soviético (Estado Socialista e Partido Comunista), foi que a URSS ficou nas mãos dos líderes do Partido. Não se chegou àGrover Furr tem razão. Nas Eleições Gerais de 12 de dezembro de 1937, sob a égide da Nova Constituição Soviética, o povo de todas as Repúblicas e Nacionalidades Sovieticas foi às urnas de forma maciça. O pleito que elegeu o Poder Soviético teve baixíssima abstenção de 4,2% - comparado com os 17,6% nas últimas eleições gerais brasileiras de 2016 antes da pandemia.
democracia operária na URSS.
O Projeto de Democratização foi apresentado por Stalin no VII Congresso Extraordinário dos Sovietes da URSS, em dezembro de 1930, e resultou no esboço da nova Constituição Soviética, aprovado por unanimidade no VIII Congresso Extraordinário dos Sovietes, a 25 de novembro de 1936.
A nomenclatura (elite dirigente) do Partido boicotou a execução integral do sufrágio universal com voto direto e secreto nas eleições gerais de 12 de dezembro de 1937. A nomenclatura manteve o controle das questões chaves, inclusive no Estado e na economia, desenvolvendo uma elite parasitária e exploradora, com fortes semelhanças com os seus homólogos dos países abertamente capitalistas. Realmente, esta elite continua hoje no poder. Gorbachov, Ieltsin, Putin e o resto dos líderes da Rússia e das ex-Repúblicas Soviéticas são todos antigos membros da direção do Partido. Durante muito tempo se aproveitaram dos cidadãos da União Soviética como funcionários superprivilegiados. Com Gorbachov, foram eles os que dirigiram a privatização de toda a propriedade coletiva que pertencia à classe operária da URSS, empobrecendo não só aos trabalhadores, senão também à ampla classe média. Esteprocesso foi qualificado como a maior expropriação na história do mundo. [...] A expressão “o maior roubo da história” é amplamente utilizada para descrever a “privatização” da riqueza criada e possuída coletivamente na URSS [...]. (FURR, Grover. Stalin e a luta pela reforma democrática. Tr. Lucio Jr. Cultural Logic 8, 2005, pp. 69 e 88)
Entretanto, a despeito do vigor e avanço da democracia soviética sob a égide do socialismo científico de Marx, Engels, Lênin, Stálin e Mao Tsetung, 45% dos funcionários do Estado e 38% dos dirigentes do PCUS não foram eleitos diretamente pelo povo soviético. Parcela expressiva do Poder Soviético continuou constituída por membros de uma parcela não eleita, nomeada pela nomenclatura: aqueles que, após a morte de Stálin, em março de 1953, o declarou inimigo do povo soviético, perseguiu, executou e excluiu do Estado e do Partido todos os seus aliados pró-democracia socialista.
Portanto, a casta revisionista teve na nomeação de dirigentes do Estado Socialista e do Partido Comunista a base política estrutural que lhes permitiu assumir o controle do Poder Soviético, a partir de 1956, entregar a Alemanha Oriental aos sócios ocultos do capitalistalismo ocidental e promover a autoextinção da URSS em 1991, transferindo toda a riqueza construída coletivamente para as mãos de uma oligarquia.
A disputa pela privatização das estatais das ex-Repúblicas Socialistas Soviéticas da Ucrânia, Moldávia, Geórgia, Quirquistão, Letônia, Lituânia, Estônia e dos ex-Países Socialistas do Leste Europeu, são uma forma aprimorada do imperialismo do deep state ocidental na disputa pelo butim (a monumental riqueza coletiva produzida pela aliança operário-camponesa nos ex-Estados Socialistas). Tal formulação contém elementos explicativos racionais, lógicos e dialéticos para compreender uma disputa política, econômica, ideológica, diplomática e, ao final, bélica, que marcou o século vinte e adentrou com toda a força o século vinte e um, como um fenômeno condicionado à lei inexorável da sociedade humana, qual seja, "a história das lutas de classes" (Marx e Engels, In: O Manifesto do Partido Comunista, 1872).
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