REFLEXÃO: FALTOU PRÁXIS POLÍTICA?
Em entrevista publicada pela Revista Brasileiros, concedida à repórter Luíza Villaméa, o jurista Claudio Lembo responde a perguntas objetivas e oferece respostas claras sobre o Brasil atual. Reproduzo abaixo algumas, no sentido de fomentar a reflexão sobre o Brasil atual.
O Supremo ganhou protagonismo com a judicialização da política?
Exato, o que é um grande equívoco, um grande problema. O Supremo está saindo dos seus parâmetros, dos seus limites e invadindo outras áreas. Tem violado a Constituição. [Há] questões polêmicas que afetam a vida [e que se deve] perguntar para a sociedade.
Por meio de plebiscito?
Óbvio. A sociedade responde. Ela sabe o que quer. Ela não é interditada. O Supremo pensa que nós somos todos interditados. [...]
E a delação premiada como está sendo usada?
Pessoas presas estão sofrendo uma tortura psicológica. [...]
Sem a delação as construtoras não abririam o jogo?
Mas não precisaria, porque todo mundo sabe que as construtoras são responsáveis pela corrupção no Brasil. Só os ingênuos não sabem. Ou os imbecis. [...]
O caminho que a Lava Jato vem escolhendo parece sem volta?
Não percebem o risco que estão passando, porque no fundo todos estão querendo a violação dos direitos humanos e esquecem que também são titulares desses mesmos direitos humanos, que poderão ser violados. [...]
O senhor acredita que a mídia tem culpa no cartório?
Uma culpa muito grande. A grande mídia deveria esclarecer a situação. Ela tem interesses, não é isenta. Ninguém que tem um instrumento de comunicação é absolutamente isento, [...]. A queda da Dilma foi um trabalho midiático. Não tinha base jurídica.
Agora começaram os pedidos de impeachment em relação ao Temer?
Ele corre o risco, porque o clima é de exigência de uma justiça quase primitiva. E isso pode fazer com que ele e o grupo dele caiam em um novo impeachment, porque a partir de 1º de janeiro a eleição vai ser direta pelo Congresso. Estão preparando candidatos.
O PSDB inclusive?
É só ver o que faz o presidente Fernando Henrique, a todo momento dando entrevista de candidato.[...]
Essa PEC do teto dos gastos pode fragilizar ainda mais o governo Temer?
Acredito que sim. Ela pode ser útil a curto prazo, mas a médio prazo não prevalece. O povo se revolta. [...]
O senhor citou a Itália ao falar sobre a PEC. E em relação à Operação Lava Jato?
Também na Itália foi um fracasso. Nasceu Berlusconi [...]. Na Itália, ao final da Operação Mãos Limpas, o sistema político estava desmantelado. Destruiu tudo. E agora ainda tem o Beppe Grillo (líder do Movimento 5 Estrelas), que é um demagogo, um populista.
Qual a saída?
A saída é ouvir o povo.[...]
Como o senhor viu o impeachment de Dilma Rousseff?
Uma tragédia para a democracia brasileira. E existe outro impeachment no horizonte.Vai virar uma moda latino-americana. A nova forma de dar golpe [...]
Qual a perspectiva do senhor para o País em 2017?
Depressão. [...] O Brasil vai sofrer por uns dez, 20 anos. Disso não tenho dúvida nenhuma. [...]
Uma parte da esquerda critica o ex-presidente Lula. Ele deveria ter promovido reformas profundas quando ele tinha grande aprovação popular?
Claro que deveria ter feito. O Lula se embeveceu com a burguesia. Ele se encantou. Ele era amigo de todos os empreiteiros. [...] Lula ficou íntimo, coitado. Foi envolvido.
O senhor acredita então que ele deveria ter feito as reformas da mídia e a política?
Lógico. Ele aceitou tudo o que a burguesia queria. Deu nisso que está aí. Não é nem esquerda, nem direita nem centro. Não é nada. Fui simpático ao Lula e à Dilma, mas ele errou. Lula aceitou todos os salamaleques da burguesia. E, como ele não é burguês, eles usam e não aceitam. Eles usam e atiram depois no lixo. É doloroso, mas esta é a verdade. Todo mundo levou vantagens. Só ele que não.
Leia a íntegra da entrevista em: http://brasileiros.com.br/2016/12/brasilia-virou-uma-cloaca/#.WKBeQp7vep0.twitter
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